Tecnologia Biométrica: O avanço da segurança corporativa no Brasil

A tecnologia da biometria tem sido amplamente adotada por empresas brasileiras como uma escolha atraente para proteger dados pessoais sensíveis, em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). O conceito de biometria se baseia na análise técnica das características fisiológicas dos indivíduos, utilizando métodos matemáticos e estatísticos, para fins de identificação e autenticação, a exemplo de reconhecimento facial, impressão digital, verificação de íris, reconhecimento de voz e geometria da mão. Por serem estas características únicas para cada indivíduo, são dificilmente falsificáveis ou adulteráveis.

A popularização da biometria está embasada na possibilidade de seu uso como incremento para a segurança e no fornecimento de acesso a equipamentos e sistemas. A tecnologia oferece um nível de segurança superior em comparação com métodos tradicionais como senhas e cartões de acesso, por exemplo. Considere-se em um cenário hipotético que necessite de controle de acesso ou o registro de ponto de um colaborador. Com a leitura biométrica, haveria mais segurança sobre suas informações, desde que implementada em conformidade com a LGPD, e eliminaria a etapa de lembrar senhas complexas ou carregar cartões de identificação, simplificando a vida dos usuários e reduzindo o risco de esquecimento ou perda de credenciais.

A adoção dessa tecnologia está transformando a forma como as empresas operam, oferecendo uma solução moderna e eficaz para os desafios de segurança e autenticação. Uma pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), divulgada no último mês de setembro, mostra um aumento na proporção de empresas brasileiras que mantêm armazenados dados biométricos de seus funcionários ou clientes. Em 2021, 24% das empresas mantinham dados de biometria, índice que aumentou para 30% no ano de 2023. 

Outros dados interessantes levantados na Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária de 2024, realizada pela Deloitte Consultoria, mostram que 75% dos bancos pesquisados utilizam a biometria facial na identificação de seus clientes, a despeito da árdua adaptação do setor às mudanças regulatórias e das novas demandas dos consumidores.  

Preocupação dos consumidores com o fornecimento de dados pessoais

A redução de fraudes é um fator importante para a biometria exigida na maioria das empresas do Brasil. Ao utilizar características físicas, a biometria reduz significativamente o risco de acessos não autorizados, o que é especialmente crucial em setores que lidam com informações sensíveis.

Ao comparar estas duas pesquisas, podemos constatar que usuários de Internet declararam preocupação com o fornecimento de dados biométricos. Nas categorias mais comumente utilizadas – a impressão digital e o reconhecimento facial – a percepção de risco soma 86% de “usuários preocupados” e 82% de “usuários muito preocupados”. No que tange à organização para a qual fornecem seus dados biométricos, os usuários manifestam maior nível de preocupação quanto a instituições financeiras (37% muito preocupados e 46% preocupados).

A conformidade com regulamentações também é um motivo-chave para a adoção da biometria. Com a crescente preocupação com a proteção de dados pessoais, a biometria ajuda as empresas a se adequarem a regulamentações como a LGPD, garantindo que os dados dos usuários sejam protegidos de forma robusta.

Adequação à LGPD e implicações éticas e legais

Entre 2021 e 2023, houve um aumento importante no que se refere às ações das empresas para a adequação à LGPD. Nos setores de construção, transportes, alojamento e alimentação, áreas mais intensivas de mão de obra, onde há maior preocupação com os dados pessoais dos colaboradores, a busca pela conformidade com a lei foi focada na alteração dos contratos, incluindo cláusulas de proteção de dados conforme a LGPD (de 28% para 35%). Nos setores de informação e comunicação, atividades profissionais e serviços, áreas que se voltam mais a proteger a empresa em relação ao tratamento dos dados pessoais de clientes ou usuários, a adequação foi regida pela elaboração de planos de conformidade ou adequação à proteção de dados pessoais (de 24% para 32%). 

Dessa forma, é importante que as empresas amparem o tratamento de dados pessoais sensíveis nos termos da lei, já que estes são altamente protegidos pela legislação. O fortalecimento da resiliência à segurança cibernética, por meio dos investimentos em arquitetura, infraestrutura, estratégias de detecção e respostas a ameaças, bem como a gestão de identidades e acessos, deve ser uma das principais prioridades das empresas, independentemente de seu porte. 

A necessidade de adaptação das empresas brasileiras à LGPD reflete um movimento muito amplo em direção à segurança digital e à privacidade de dados pessoais fornecidos por meio da biometria. A inteligência artificial (IA) é uma força motriz por trás dos avanços e aplicações dessa tecnologia. No entanto, sua implementação traz consigo a responsabilidade no tratamento de dados e na conformidade. 

Para estar em plena conformidade com a lei e proteger as informações pessoais da forma correta, é essencial que as empresas procurem a orientação de um advogado especialista em LGPD. Esse profissional pode ajudar a empresa a entender e cumprir os requisitos legais, elaborar políticas de privacidade fortes e implementar medidas de segurança adequadas. Leia o nosso artigo “Conformidade com a LGPD na prática”, e em caso de dúvidas, busque uma assessoria jurídica! 

A combinação da inteligência artificial com a expertise legal garante que as empresas não apenas aproveitem os benefícios transformadores da biometria, mas também protejam os dados dos usuários e mantenham a confiança dos consumidores. Investir em tecnologia e conformidade legal é fundamental para operar de maneira segura e responsável no cenário digital atual.